viernes, 10 de diciembre de 2010

jueves, 9 de diciembre de 2010

miércoles, 8 de diciembre de 2010

viernes, 20 de agosto de 2010

A bem amada

Não é novidade que se apaixonar deteriora nossas capacidades de raciocínio. Tomados da febre da paixão, nos vemos vulneráveis, encobertos pela fina película da ilusão, que transforma o mundo numa aventura em tons de rosa. Precipícios serão trespassados sem o cuidado devido, pois teremos asas para atravessá-los. Recusaremos o alimento, a água, o sono: de nós nascerá a força dos semideuses. Assim, percorreremos a maratona do amor, impávidos e colossais. Impávidos? Só um pouquinho. Ontem mesmo a bem amada se olhava no espelho, feliz. Afundadas as olheiras. Reunindo forças, galgou as escadas que a levaram à depilação, e depois, à manicure. No final de um dia de trabalho, que nem foi tão longo assim, tinha a impressão que cairia inanimada no meio da rua. E se lhe perguntassem: você está bem? Responderia: Melhor impossível. Estou feliz da vida (medindo a febre na testa). Os calafrios lhe acompanharam durante a noite: seria pneumonia? Hepatite? O que fosse, parecia grave. Não uma gripezinha, uma irritação alérgica do pó do ar-condicionado. Mas calamidades, epidemias, o sarampo que contagiou dois brasileiros na Argentina, ainda que a bem amada, há pelo menos dois anos, não tenha pisado na Argentina. Arrastando os pés, chegou no escritório. Trabalhar, que é bom, não lhe interessava. A primeira ligação que fez foi para ele. E ele estava numa reunião. Restou baixar a cabeça e terminar aquele relatório, ir ao banco pagar as contas, fazer o balanço do mês, preocupada, muito preocupada, com o que ele iria dizer no próximo telefonema, com que voz abriria as portas da conversação, e se não dissesse o “querida” de sempre, o que significaria? A qualquer momento, poderia não querer mais. A todo instante, seria o fim, enquanto ele não estivesse na frente dela e ela pudesse acarinhar-lhe os cabelos, fazer cara de manhosa, banhar-lhe o rosto de beijos, encontrar nele a temperatura ideal do próprio corpo, até então atacado por irregulares 37,8°, 37,9°, 36,1°. Não é novidade que também o corpo também se deteriora na paixão. Sai da normalidade. Da regra, do hábito, do funcionamento geral. Não, não é a doença. Não, não é a razão.É um estado mais fundo, e de saúde total. O lugar do apaixonado é o paraíso. Terrenal.

viernes, 23 de julio de 2010

miércoles, 14 de julio de 2010

martes, 13 de julio de 2010

au revoir

se asoma la "donna"

the pilgrim soul in you



"How many loved your moments of glad grace,

                                       And loved your beauty with love false or true,

                                  But one man loved the pilgrim soul in you,

                         ...And loved the sorrows of your changing face."
                                                                                                                
                                                                                            W. Yeats

lunes, 12 de julio de 2010

viernes, 9 de julio de 2010

jueves, 1 de julio de 2010

lunes, 28 de junio de 2010

A camisola doía

Papel aceita tudo

Continuo te amando, está escrito no visor do telefone celular. Continuo te amando, assim, sem ponto final, solto. Viver amando é outra coisa. Continuar amando são outros quinhentos cruzeiros. Escrever é só escrever, o papel (o visor) aceita tudo, disse um dia lá perdido nos anos alguém a quem ela amou tresloucada, lembrando dele e esquecendo de si, pra citar uma canção sertaneja romântica. Lembrar dele e esquecer de si, que forma de amor é esta? Amor às coisas da pessoa, ao seu respiro, amar quando se agacha para pegar uma chave que caiu no tapete, quando se barbeia, quando sai e bate a porta furioso, volta dois dias depois, detonado, camuflado, travado, rendido, sujo. Será que ela é a maior amadora no amor? Por que pensa que é a melhor que ama? A que sabe amar melhor do que ninguém? Estátua fez pra si na praça. Ninguém vai lá adorar. A pedra solitária e dura em que se transformou está lá, parada, resiste à chuva, aos cuspes, aos mijos, às cagadas, à pichação de "eu te amo' que outros como ela e diferentes dela fazem ao longo do tempo, selando o pacto publicamente para que a cidade saiba.


Também teve ela homenagem em pedra, e se vão uns 25 anos: na parede da curva de uma praça no centro de Porto Alegre, gravou ele o emblema que construíra em madeira como pingente para o colar. Gravou a piche, as iniciais dos dois. Por muitos anos, ficou ali, a história deles que nenhum jato de lavagem industrial conseguia eliminar. Emblemas não se lavam. Já o amor... é só abrir a torneira, a água que for irá desmanchar o amor.

Amar com a boca escancarada, mostrando todos os dentes, é o maior perigo de toda a vida. O maior mistério, a vida mesma, ali, acontecendo, e não podemos recuar, pois recuo não há. Ao saltar no precipício, em pleno voo está a pessoa, desesperada, balançando as pernas no ar. Não existe "Ah, não brinco mais", o desfiladeiro é real, pode encolher o corpo, baixar a cabeça para não ver, no entanto, e ademais, todavia, nevertheless... vai se perder de si. O inevitável. O ininventável.

Ninguém aguenta tanta liberdade. Entretanto, quase toda a gente aguenta, se viva. O amor é o salto no abismo, não o esborracho lá em baixo.

O esborracho é provável, mas se souber e quiser levantar o voo, e seguir no firme aumento de sua vida, poderá adiar. O esborracho.

Que vida não se adia.

domingo, 27 de junio de 2010

Caixa de areia

Faltando quatro meses para meus 47 anos, aprendi a cuidar de minha vida. Não vou dizer antes tarde do que nunca, porque não é tarde, porque cedo eu não tinha nenhuma vontade de cuidar de minha vida como isso realmente é, ou seja, ser eu mesma em qualquer circunstância, com momentos de não ser totalmente, mas juntando essas que sou ao final e ao começo das contas.
Pegar minhas bonecas e ir brincar em outra caixa de areia, eis o movimento que venho me ensinando há anos e que é o único que dá certo quando a caixa onde brincava começa a oferecer perigos, seja por caras feias de mães ou amiguinhos, seja porque a areia molhou da chuva, ou porque tem tanta criança brincando na mesma caixa que não dá espaço pra mim, ou simplesmente porque aquela caixa já não me serve e ponto. Levei quase 50 anos pra mudar de caixa de areia sabendo, mais ou menos, que faço isso com acerto, para respeitar minha natureza, para não pisar nas ou as outras crianças. Quase 50 anos para levantar do chão, não deixar nenhuma boneca para trás e sair discretamente, sem alarde. Sem alarde, sim, por que fazer alarde sobre mim mesma e meu desapontamento? Desapontamentos fazem parte da vida, caixas de areia existem em toda parte, caixas de areia boa são raras de encontrar, e posso ficar por algum tempo sem me deparar com uma que me satisfaça, e é isso mesmo, não vou ficar comendo areia onde já não tenho lugar.
Trincar areia nos dentes é ruim.
O que é ruim é ruim, levei quase meio século para descobrir. E o que é bom, é bom. Assim de simples.
E a tristeza de ter de reunir forças e partir para outra também é muito simples.
É só ficar triste.

jueves, 24 de junio de 2010

miércoles, 2 de junio de 2010

martes, 1 de junio de 2010

lunes, 31 de mayo de 2010

Contenção


CONTENÇÃO
Se o amor for espartilho,
que segure firme o corpo
e acolha a alma que há por dentro

Se espartilho for um par,
que se ajuste à cintura num encaixe perfeito

Se for a paixão um espartilho,
que modele os sentimentos
e lhes dê alguma forma ou razão

Se o tesão for espartilho,
que desabotoe, afrouxe tudo, solte-se em fetiche louco

Se espartilho for elegância,
que mantenha na moda a silhueta renascentista da frança

Se a paciência for espartilho
que seja maleável como um hímen
e complacente

Se decência for espartilho
que não canse, não relaxe, não seduza,
não se venda

Se espartilho for castigo
que exorcize com força dobrada e torturante
os íntimos pecados

Se espartilho for o fim de tudo,
que se abra sozinho
e caia sem medo

do chão
do céu
do nada

que aterrisse num leve pouso

sereno
como avião de papel

e liberte
o último suspiro
sem aperto

Poema de Tatiana Druck, que veio (para minha alegria!), acompanhar o vestido aí de cima.

viernes, 28 de mayo de 2010

martes, 25 de mayo de 2010

lunes, 24 de mayo de 2010

Concentre-se nos seios....

...em Palavras de Osho



Esta técnica é especialmente para mulheres.

Simplesmente relaxe, mova-se para os seios, deixe seus seios tornarem-se todo seu ser. Deixe que o corpo todo seja apenas uma situação para os seios existirem, seu corpo tornou-se secundário, apenas em segundo plano, e os seios são enfatizados.

E você está totalmente relaxada neles, movendo-se neles. Assim sua criatividade irá surgir. A criatividade feminina só surge quando os seios ficam ativos. Funda-se neles e você irá sentir a criatividade surgindo.

Os seios podem se tornar fontes de perfumes bem delicados que não são desse mundo, os quais não podem ser criados quimicamente; sons, sons harmoniosos serão ouvidos; toda a esfera da criatividade pode aparecer em muitas e novas configurações.

Tudo que aconteceu aos grandes pintores e poetas irá acontecer à mulher se ela puder fundir-se nos seios dela. E isso será tão real que irá mudar a personalidade total dela – ela se tornará diferente. E se ela prosseguir com essas visões, aos poucos elas cairão, e chegará o momento quando o nada, a vacuidade, o vazio acontecerá - shunyata acontecerá. Essa shunyata é a mais elevada das meditações.

Osho, em "The Book of Secrets"
Imagem por Emery Co Photo

caminho das estrelas

lunes, 17 de mayo de 2010

jueves, 13 de mayo de 2010

Da coluna Entre os Dedos, publicada na SuperBem

Eu sou AT

Andar pelas ruas sempre foi um mistério a ser desvendado. Quando criança, para as aulas de inglês e música, me levava a passear pela Quintino Bocaiúva, cruzar o que hoje é o Parcão e atravessar a 24 de Outubro. Isso eu fazia com esmero, paciência, educação. Era um trajeto curto, desafiador para os meus nove anos. Não aceitar nada de ninguém era o lema que me guiava, naquela Porto Alegre de ruas sem canteiros no meio, por onde passavam Opalas e Fucas: era só olhar para os dois lados, observar, ganhar a calçada oposta.



Deve vir daí, mas não asseguro, o gosto pelo Acompanhamento Terapêutico. Ser alguém no meio da cidade não é tarefa fácil. É um descobrimento, uma exposição. E, muitas vezes, pode representar uma ameaça à nossa segurança.


Disso sabemos bem, e o AT está aí para enfrentar essas e outras dificuldades. Mas nem tantas. Sim, o trabalho de acompanhar inclui necessariamente o de ser acompanhado. E de aceitar (quase) tudo de alguém.


Aparentemente, prestamos um serviço simples. Estar por duas horas ao lado de uma pessoa que precisa de nosso apoio e dedicação pode ser muito agradável. E é. Você deve estar pensando “bem, isso qualquer um faz”. Exato. Qualquer um. Que queira. Que olhe. Que aceite. Que saiba se emprestar a outra pessoa.


É como um corpo que recebe o espírito. E não é. É como um rio que corre ao lado de outro rio. E também não é. As imagens que descrevo aqui ajudam, mas não definem.


Acompanhar terapeuticamente é um caminho a seguir. Nunca haverá O Resultado. Nunca saberemos quando começou.


É de um momento para o outro, distraidamente, que o Acompanhamento Terapêutico se faz presente: um instante de não estar pre-o-cu-pan-do-se, ques-tio-nan-do-se.


De apenas ser. E criar o momento com toda a honestidade.


(Este o primeiro texto de minha coluna mensal na Newsletter SuperBem, da Clínica Verri: www.superbem.com.br .)

sábado, 8 de mayo de 2010

lunes, 3 de mayo de 2010

jueves, 29 de abril de 2010