lunes, 7 de mayo de 2012

De fazer e desfazer



de fazer e desfazer
é o todo da vida

de todas as horas,
os descuidos
para que o amor aconteҫa
em tempo, a tempo
lentamente

enquanto vamos nos debruҫando
sobre a janela para ver as nuvens

o céu carregado
e as gotas da chuva nas folhas verdes

enquanto nos damos as mãos
enquanto nos olhamos e este olhar
se perde na eternidade

na eterna idade

dos movimentos

(Eliana Guedes 2007)

lunes, 25 de julio de 2011

Amor. Aos vivos. (aka 'Biofilia')

Chesney Henry Baker era filho de um guitarrista e viveu os dez primeiros anos de sua vida numa fazenda em Oklahoma. Chesney detestava as partituras. Morreu ao despencar da janela do hotel em Amsterdam, em 1988. (Meu pai o viu tocar em um clube de jazz em Nova Iorque. De volta ao Brasil, meu pai viu na TV a notícia da morte desse comovente trompetista, cantor, cuja interpretação da clássica balada My Funny Valentine ainda agora é muito mais do que música para os nossos ouvidos.)


Escrevo sobre Chesney Henry, o grande Chet Baker

Foi do pai guitarrista que Chet ganhou um trombone, apaixonados, os dois, pela música. Ele integrou a jazz band de Gerry Mulligan na década de 50; quase pôs fim à vida tomando uma overdose no Hotel Nacional, no Rio de Janeiro, estando lá para o Free Jazz Festival. Uma vez, foi preso, perdeu os dentes; isso parece ter prejudicado o som extraordinário que produzia no trompete.

Para que tocasse qualquer música, bastava lhe dar o tom. E com todo esse talento, viajou o mundo mostrando a que viera. Melhorou a interpretação, aumentou a emoção ao cantar lindas coisas como Almost Blue. Envelheceu. As rugas visivelmente espalhadas em seu rosto deixam que ainda se veja o rosto do menino. Do jovem belíssimo, Chesney.

Mergulhem no misterioso mundo desse norteamericano, nascido em Yale, em 1929. Como eu mergulhei.

Imagem: musicolatras.blogspot.com – esta imagem pode ter directos autorais.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Chet_Baker
Inspiração: http://www.youtube.com/watch?v=z4PKzz81m5c (Chet in Almost Blue)

Publicado em minha coluna Sapatos Magnéticos, do site www.superbem.com , da Clínica Verri.

Cygnus Atratus*


Para ler ouvindo a Suíte do Lago dos Cisnes, de Tchaikowsky.


É comum a gente dizer: “nem me passou pela cabeça uma coisa dessas”.

Um buraco no ventre, aberto a caco de espelho, pode não matar ninguém. Este buraco, aberto junto ao umbigo, dá a ideia de que quem o fez procurava ali alguma coisa. Procurava ali rasgar a alma, botar a alma para fora. Parece que os instintos, os desejos, que moram na alma, raramente passam “pela cabeça”. Me disse um amigo que adoro: “estes passam, por exemplo, pelo umbigo”. A cabeça, o pensamento, pouco registra das vontades mais fundas da gente.
O vulto que entra no palco tem os jeitos de cisne e é mulher. O costume envolve e cola no corpo, braços e mãos, e é negro. As plumas soltam no ar no instante do giro. As pernas volteiam, também no ar. O pescoço, de cisne e mulher, é altivo, assim como a cabeça, posta em seu lugar: em cima do pescoço. O olhar acompanha os movimentos do corpo, sempre para frente, olhar na altura dos olhos. E os braços, sustentando a massa de ar e brincando com ela, alongam a figura da bailarina que, no salto, ganha o terreno que antes não era seu. O cisne dança nas águas, poderia sumir no escuro do palco, tão negras as plumas, negras as pupilas. Mas o negro é a soma de todas as cores.
Fui ao cinema ver o Cisne Negro. Gosto de Natalie Portman, gostei do fato de ser a história de uma bailarina. Dançar sempre foi uma de minhas paixões, embora isso raramente tenha passado pela minha cabeça. Não posso, ou talvez vá podendo, enquanto escrevo, dizer do impacto que teve sobre mim o filme.
Nina é bailarina formada que vai se candidatar, entre outras de sua categoria, a dois papeis no ballet Lago dos Cisnes, de Tchaikowsky: o do cisne branco e o do cisne negro.
Na peça, uma dançarina vive presa dentro do corpo de um cisne, o branco. Só poderá ser libertada se seu amado vier lhe salvar. Surge o amante, mas o cisne negro o seduz, sensual e hábil. Fica a dançarina presa no corpo do cisne branco. Desesperada, se lança do abismo.
Fazer os dois cisnes, o branco e o negro, é o desafio de Nina, que passa no teste e ganha os papeis. A doçura característica da ave branca, a subserviência, a amabilidade, a leveza, a beleza, são fáceis de interpretar. Mas a vida selvagem que mora no cisne negro, seu poder de sedução, irreverência, desobediência e liberdade, confrontam a existência da própria Nina, até então uma jovem que se dedicou de alma e corpo ao ballet, filha única de mãe sozinha que através da jovem realiza o próprio sonho frustrado da dança, e para ela vive, totalmente. Os anseios de Nina, seus desejos mais selvagens, o germe da liberdade escondido nela e que agora quer se libertar de seu corpo, tal como a dançarina no ballet, parecem incompatíveis com sua rotina, o relacionamento com a mãe e consigo própria, e raramente lhe passaram pela cabeça.
Diz o coreógrafo: para o branco, és a melhor. Para o negro, terás de te deixar levar.

Ela quer. E não aguenta mais não ser livre.

Quer vencer a si, e si quer vencê-la. É o jogo que só se pode dar dentro da mesma pessoa. A única vitória é ser quem ela é.

Que a dança resulte magistral, pouco importa.
Esta lhe faz viver. Ei-la!


                                                                                                                           *Cisne negro, em latim.
 
Publicado em minha coluna Sapatos Magnéticos, do site http://www.superbem.com/ , da Clínica Verri.

John


Hoje, John veio me ver. Sentou na beira da janela, e, olhando pro campo de futebol lá embaixo, disse:

“Sabe... Não sou o melhor pai do mundo. Faço o meu melhor, mas sou muito irritável, fico deprimido, estou alegre e triste, alegre e triste, e ele tem de lidar com isso também – tirar e dar, tirar e dar.”
“É mesmo, John?” – me admirei. “ Pensei que você vivesse plenamente a paz e o amor que tanto proclamaram.”
O beatle continuou dizendo que claro, era justamente por isso que tanto defenderam a paz, o amor.
Porque o ser humano é tão alegre e triste, todo o tempo. E tudo o que faz, principalmente, aí está (e assim ele saiu da janela e veio sentar ao meu lado), principalmente, querida, tudo o que pensa, é por seu profundo egoísmo.
Vi os olhos de Lennon por trás dos óculos escuros de plástico azul. Conheceria Nietzsche? Talvez ele e Nietzsche fossem a mesma voz, só isso.
“Somos todos egoístas”, sorriu ele. “Mas acho que os chamados ‘artistas’ são completamente egoístas: pensar em Yoko, em Sean ou no gato ou em qualquer pessoa além de mim mesmo – eu e meus altos e baixos e meus míseros problemas – é um fardo.”
Tirei o violão do estojo, dei o lá menor, melhor antídoto para os meus problemas miseráveis, e ele começou:

“Girl... oh, girl...”
Eu mal posso expressar minhas emoções misturadas, minha falta de razão
Afinal, estarei sempre em dívida com você
Vou tentar expressar meus sentimentos mais fundos, meu agradecimento
Por você ter me ensinado
Eu sei que você conhece a pequena criança dentro do homem
Por favor, lembre, minha vida está em suas mãos
Me abrace forte, junto do coração
Mesmo distante, não estaremos longe nunca
Porque, na verdade, estava escrito nas estrelas
Eu nunca quis te deixar triste, te fazer sofrer
E vou dizer, mais uma vez, e uma vez mais, e sempre
Eu te amo, sim
Du-du-ru-du-du!

Fontes: Revista Rolling Stone nº52, janeiro de 2011

http://letras.terra.com.br/john-lennon/22581/
(com tradução a mais livre que pude de Woman, de John Lennon)

* Para ler ouvindo “Woman” (J. Lennon) e/ou “Girl” (Lennon & McCartney)

Publicado em minha coluna Sapatos Magnéticos, do site www.superbem.com , da Clínica Verri.

Acompanhante Terapêutico recupera assassino serial

 
Sheherazade cura Sheriar da obsessão de matar todas as mulheres virgens da cidade,

contando-lhe histórias antes de dormir.
Modus Operandi do rei persa Sheriar consistia em escolher uma virgem, casar-se com ela e, logo após a noite de núpcias, mandá-la decapitar pelo primeiro-ministro do reino.

A loucura de Sheriar começou quando ele flagrou a primeira esposa traindo-o com um serviçal do palácio. O rei pegou a espada e decapitou a esposa e o amante. Desde então, prometeu a si mesmo matar todas as jovens de seu reino, pelas mãos de seu primeiro-ministro.
Após três anos de chacina, já não sobravam muitas virgens para casar e matar. Sheherazade, a filha mais velha do primeiro-ministro, uma das poucas jovens do reino que sabia ler, pediu ao pai autorização para se oferecer ao rei como esposa, afirmando que tinha uma estratégia para demover Shariar de seu delírio homicida.
O primeiro-ministro acabou cedendo e Sheherazade casou com Sheriar. Na noite de núpcias, pediu ao rei que deixasse entrar no quarto sua irmã Duniazade para que esta contasse a ela uma história, como seu último desejo antes de ser morta.

Sheriar mandou entrar a irmã de Sheherazade, que se deitou no chão, ao lado da cama do casal.

Duniazade começou, então, a narrar as peripécias e aventuras daqueles tempos, enquanto o rei, furioso, bufava, resmungava e tossia, remexendo-se na cama. Acontece que o comportamento de Sheriar não intimidava a cunhada, que só interrompeu mesmo a narrativa quando a primeira claridade entrou pela janela do quarto.
Mas algo havia mudado na vida do rei Sheriar: ele estava interessado nas aventuras e peripécias narradas por Duniazade, com intervenções da esposa Sheherazade.
E, por isso, adiou a morte da rainha para a manhã seguinte, depois que ouvisse a continuação da narrativa daquela primeira noite. A partir daí, as duas irmãs se revezaram no relato das aventuras, sempre deixando, ao raiar do dia, novo motivo para que o rei desejasse conhecer o próximo capítulo.
Depois de mil e uma noites, Sheherazade mandou entrar no quarto do casal o homem que a mataria. Ao invés deste, vieram, pela mão de Duniazade, dois bebês e um menino.

“Estes são os nossos filhos”, disse a rainha Sheherazade ao rei.

Dizem que eles viveram felizes para sempre.

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*Para ler ouvindo Sheherazade, suíte sinfônica do compositor russo Rimsky-Korsakov.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/

Xerazard (do persa شهرزاد), grafado também como Xerazade, Sherazade ou Sheherazade, é a narradora dos contos das Mil e Uma Noites
 
Publicado em minha coluna Sapatos Magnéticos, do site www.superbem.com , Clínica Verri.

jueves, 3 de marzo de 2011

miércoles, 26 de enero de 2011

viernes, 10 de diciembre de 2010

jueves, 9 de diciembre de 2010

miércoles, 8 de diciembre de 2010

viernes, 20 de agosto de 2010

A bem amada

Não é novidade que se apaixonar deteriora nossas capacidades de raciocínio. Tomados da febre da paixão, nos vemos vulneráveis, encobertos pela fina película da ilusão, que transforma o mundo numa aventura em tons de rosa. Precipícios serão trespassados sem o cuidado devido, pois teremos asas para atravessá-los. Recusaremos o alimento, a água, o sono: de nós nascerá a força dos semideuses. Assim, percorreremos a maratona do amor, impávidos e colossais. Impávidos? Só um pouquinho. Ontem mesmo a bem amada se olhava no espelho, feliz. Afundadas as olheiras. Reunindo forças, galgou as escadas que a levaram à depilação, e depois, à manicure. No final de um dia de trabalho, que nem foi tão longo assim, tinha a impressão que cairia inanimada no meio da rua. E se lhe perguntassem: você está bem? Responderia: Melhor impossível. Estou feliz da vida (medindo a febre na testa). Os calafrios lhe acompanharam durante a noite: seria pneumonia? Hepatite? O que fosse, parecia grave. Não uma gripezinha, uma irritação alérgica do pó do ar-condicionado. Mas calamidades, epidemias, o sarampo que contagiou dois brasileiros na Argentina, ainda que a bem amada, há pelo menos dois anos, não tenha pisado na Argentina. Arrastando os pés, chegou no escritório. Trabalhar, que é bom, não lhe interessava. A primeira ligação que fez foi para ele. E ele estava numa reunião. Restou baixar a cabeça e terminar aquele relatório, ir ao banco pagar as contas, fazer o balanço do mês, preocupada, muito preocupada, com o que ele iria dizer no próximo telefonema, com que voz abriria as portas da conversação, e se não dissesse o “querida” de sempre, o que significaria? A qualquer momento, poderia não querer mais. A todo instante, seria o fim, enquanto ele não estivesse na frente dela e ela pudesse acarinhar-lhe os cabelos, fazer cara de manhosa, banhar-lhe o rosto de beijos, encontrar nele a temperatura ideal do próprio corpo, até então atacado por irregulares 37,8°, 37,9°, 36,1°. Não é novidade que também o corpo também se deteriora na paixão. Sai da normalidade. Da regra, do hábito, do funcionamento geral. Não, não é a doença. Não, não é a razão.É um estado mais fundo, e de saúde total. O lugar do apaixonado é o paraíso. Terrenal.

viernes, 23 de julio de 2010

miércoles, 14 de julio de 2010

martes, 13 de julio de 2010

au revoir

se asoma la "donna"

the pilgrim soul in you



"How many loved your moments of glad grace,

                                       And loved your beauty with love false or true,

                                  But one man loved the pilgrim soul in you,

                         ...And loved the sorrows of your changing face."
                                                                                                                
                                                                                            W. Yeats

lunes, 12 de julio de 2010

viernes, 9 de julio de 2010

jueves, 1 de julio de 2010

lunes, 28 de junio de 2010

A camisola doía

Papel aceita tudo

Continuo te amando, está escrito no visor do telefone celular. Continuo te amando, assim, sem ponto final, solto. Viver amando é outra coisa. Continuar amando são outros quinhentos cruzeiros. Escrever é só escrever, o papel (o visor) aceita tudo, disse um dia lá perdido nos anos alguém a quem ela amou tresloucada, lembrando dele e esquecendo de si, pra citar uma canção sertaneja romântica. Lembrar dele e esquecer de si, que forma de amor é esta? Amor às coisas da pessoa, ao seu respiro, amar quando se agacha para pegar uma chave que caiu no tapete, quando se barbeia, quando sai e bate a porta furioso, volta dois dias depois, detonado, camuflado, travado, rendido, sujo. Será que ela é a maior amadora no amor? Por que pensa que é a melhor que ama? A que sabe amar melhor do que ninguém? Estátua fez pra si na praça. Ninguém vai lá adorar. A pedra solitária e dura em que se transformou está lá, parada, resiste à chuva, aos cuspes, aos mijos, às cagadas, à pichação de "eu te amo' que outros como ela e diferentes dela fazem ao longo do tempo, selando o pacto publicamente para que a cidade saiba.


Também teve ela homenagem em pedra, e se vão uns 25 anos: na parede da curva de uma praça no centro de Porto Alegre, gravou ele o emblema que construíra em madeira como pingente para o colar. Gravou a piche, as iniciais dos dois. Por muitos anos, ficou ali, a história deles que nenhum jato de lavagem industrial conseguia eliminar. Emblemas não se lavam. Já o amor... é só abrir a torneira, a água que for irá desmanchar o amor.

Amar com a boca escancarada, mostrando todos os dentes, é o maior perigo de toda a vida. O maior mistério, a vida mesma, ali, acontecendo, e não podemos recuar, pois recuo não há. Ao saltar no precipício, em pleno voo está a pessoa, desesperada, balançando as pernas no ar. Não existe "Ah, não brinco mais", o desfiladeiro é real, pode encolher o corpo, baixar a cabeça para não ver, no entanto, e ademais, todavia, nevertheless... vai se perder de si. O inevitável. O ininventável.

Ninguém aguenta tanta liberdade. Entretanto, quase toda a gente aguenta, se viva. O amor é o salto no abismo, não o esborracho lá em baixo.

O esborracho é provável, mas se souber e quiser levantar o voo, e seguir no firme aumento de sua vida, poderá adiar. O esborracho.

Que vida não se adia.

domingo, 27 de junio de 2010

Caixa de areia

Faltando quatro meses para meus 47 anos, aprendi a cuidar de minha vida. Não vou dizer antes tarde do que nunca, porque não é tarde, porque cedo eu não tinha nenhuma vontade de cuidar de minha vida como isso realmente é, ou seja, ser eu mesma em qualquer circunstância, com momentos de não ser totalmente, mas juntando essas que sou ao final e ao começo das contas.
Pegar minhas bonecas e ir brincar em outra caixa de areia, eis o movimento que venho me ensinando há anos e que é o único que dá certo quando a caixa onde brincava começa a oferecer perigos, seja por caras feias de mães ou amiguinhos, seja porque a areia molhou da chuva, ou porque tem tanta criança brincando na mesma caixa que não dá espaço pra mim, ou simplesmente porque aquela caixa já não me serve e ponto. Levei quase 50 anos pra mudar de caixa de areia sabendo, mais ou menos, que faço isso com acerto, para respeitar minha natureza, para não pisar nas ou as outras crianças. Quase 50 anos para levantar do chão, não deixar nenhuma boneca para trás e sair discretamente, sem alarde. Sem alarde, sim, por que fazer alarde sobre mim mesma e meu desapontamento? Desapontamentos fazem parte da vida, caixas de areia existem em toda parte, caixas de areia boa são raras de encontrar, e posso ficar por algum tempo sem me deparar com uma que me satisfaça, e é isso mesmo, não vou ficar comendo areia onde já não tenho lugar.
Trincar areia nos dentes é ruim.
O que é ruim é ruim, levei quase meio século para descobrir. E o que é bom, é bom. Assim de simples.
E a tristeza de ter de reunir forças e partir para outra também é muito simples.
É só ficar triste.

jueves, 24 de junio de 2010

miércoles, 2 de junio de 2010

martes, 1 de junio de 2010

lunes, 31 de mayo de 2010

Contenção


CONTENÇÃO
Se o amor for espartilho,
que segure firme o corpo
e acolha a alma que há por dentro

Se espartilho for um par,
que se ajuste à cintura num encaixe perfeito

Se for a paixão um espartilho,
que modele os sentimentos
e lhes dê alguma forma ou razão

Se o tesão for espartilho,
que desabotoe, afrouxe tudo, solte-se em fetiche louco

Se espartilho for elegância,
que mantenha na moda a silhueta renascentista da frança

Se a paciência for espartilho
que seja maleável como um hímen
e complacente

Se decência for espartilho
que não canse, não relaxe, não seduza,
não se venda

Se espartilho for castigo
que exorcize com força dobrada e torturante
os íntimos pecados

Se espartilho for o fim de tudo,
que se abra sozinho
e caia sem medo

do chão
do céu
do nada

que aterrisse num leve pouso

sereno
como avião de papel

e liberte
o último suspiro
sem aperto

Poema de Tatiana Druck, que veio (para minha alegria!), acompanhar o vestido aí de cima.

viernes, 28 de mayo de 2010

martes, 25 de mayo de 2010

lunes, 24 de mayo de 2010

Concentre-se nos seios....

...em Palavras de Osho



Esta técnica é especialmente para mulheres.

Simplesmente relaxe, mova-se para os seios, deixe seus seios tornarem-se todo seu ser. Deixe que o corpo todo seja apenas uma situação para os seios existirem, seu corpo tornou-se secundário, apenas em segundo plano, e os seios são enfatizados.

E você está totalmente relaxada neles, movendo-se neles. Assim sua criatividade irá surgir. A criatividade feminina só surge quando os seios ficam ativos. Funda-se neles e você irá sentir a criatividade surgindo.

Os seios podem se tornar fontes de perfumes bem delicados que não são desse mundo, os quais não podem ser criados quimicamente; sons, sons harmoniosos serão ouvidos; toda a esfera da criatividade pode aparecer em muitas e novas configurações.

Tudo que aconteceu aos grandes pintores e poetas irá acontecer à mulher se ela puder fundir-se nos seios dela. E isso será tão real que irá mudar a personalidade total dela – ela se tornará diferente. E se ela prosseguir com essas visões, aos poucos elas cairão, e chegará o momento quando o nada, a vacuidade, o vazio acontecerá - shunyata acontecerá. Essa shunyata é a mais elevada das meditações.

Osho, em "The Book of Secrets"
Imagem por Emery Co Photo

caminho das estrelas